Automação e Medições Inteligentes para Incentivar o Consumo Consciente

14 de agosto de 2012


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(por Carlos A Fróes Lima – CEO KNBS)

O setor elétrico brasileiro, bem como o de água, tem atravessado importantes alterações estruturais. O monopólio, necessitando sua modernização, vem evoluindo para um modelo de atendimento ao consumidor, com a busca pela oferta de serviços agregados e a organização para a transformação do consumidor em efetivo cliente e participante econômico-decisor.  Neste ambiente, algumas mudanças devem ser estabelecidas no foco estratégico operacional das concessionárias de energia e água para a ampliação do relacionamento com este cliente, o incentivo a eficientização e a mudança de hábitos de consumo.

Mudanças de hábito não necessitam significar perda do conforto familiar, mas garantir o significado do valor percebido pela energia e água consumidos (como o valor dado aos recursos de telefonia e celular, por exemplo). Assim, novos recursos de informação precisam ser disponibilizados, apresentados e este cliente/consumidor ouvido, compreendido e conduzido ao entendimento de seu consumo real.

Foi este o foco de um projeto realizado pela KNBS (finalizado em 2011) e financiado pela FINEP.  Buscou-se estruturar as informações de medições de consumo de água e energia, integradas em uma estrutura dedicada de fácil acesso. A idéia principal, garantir consciência no consumo. Difícil tarefa validada com a participação das famílias no entendimento do que representa efetivamente os watts de seus aparelhos e vazão de suas instalações de água. Foram instalados aparelhos de medição em diversos pontos das residências, demonstrando para as famílias seus vilões de consumo e adicionalmente, em um site especial, a compilação destas informações em gráficos e registros.  Foram fornecidas também condições de simulações de consumo, construindo um mapa de todos os aparelhos e instalações na casa e validando os consumos por tempo percebido de uso pela família e comparativos.

Do ponto de vista técnico, a aplicação da eficiência energética foi desenvolvida usando conceitos de Smart Grid e de evolução da rede de distribuição de energia elétrica, buscando aderência as novas tendências de gestão da prestação de serviços de energia e possibilitando, inclusive, um campo fecundo de informações para as concessionárias. Esta ferramenta proporciona instrumentos iniciais para este momento. Neste sentido foram feitos esforços em organizar a arquitetura da solução e dividi-la em serviços, tornando sua modelagem mais consistente, mais alinhada com as possibilidades de negócios das empresas, integração com seus sistemas legados e outros nichos de inteligência.

Resultados: a evolução das redes, das concessionárias, dos consumidores, das regulamentações e do uso da energia e de água precisam ser melhor articuladas. Muitas situações precisam ser efetivamente pensadas, estruturadas e estrategicamente organizadas.  As concessionárias necessitam modelar sua transição dos modelos atuais de negócio a partir da quantidade de informações que estarão presentes em suas redes e em suas bases de dados para garantir que haja tratamento deste conhecimento e do relacionamento que pode ser gerado.

Alguns exemplos e questões desta mudança ficam como resultado desta análise: quanto da informação (e qual) deve ser armazenada, em tempo real ou em tempos determinados, sobre o consumo e a qualidade da energia/água entregue para o cliente?  O que fazer com esta informação para promover o relacionamento efetivo? Como garantir o uso desta informação e a privacidade do cliente no seu consumo – uso do serviço pela concessionária?  Como ampliar o relacionamento e garantir uma parceria efetiva entre este cliente e a concessionária, bem como a percepção deste novo valor de relacionamento?

Neste contexto, fica a observação que muito ainda precisa ser feito para a concepção estrutural de smart grid como negócio reestruturado de energia, considerando este cliente participante. Tanto a educação como ferramentas devem demonstrar a eficiência individual frente ao coletivo e o uso de recursos finitos.  A transparência e a participação, individual e das comunidades, também devem ser consideradas.